Sunday, November 19, 2006

26 Janeiro 1929, "Um morto que ressuscita"

Apareceu um homem que se julgava ter morrido numa cheia do Tejo e por quem se rezaram missas.

Em Fevereiro do ano findo, desapareceu da vila do Cartaxo, onde trabalhava, o pedreiro Jacinto dos Santos, de 24 anos, solteiro, sobrinho de Ana dos Santos, viúva de Serafim de Carvalho, serviçal do Sr. Joaquim Mata, administrador deste concelho.

A família do rapaz, tios e primos, pois ele já não tem pai nem mãe, procuraram-no durante alguns dias, tendo-nos aquela mulher vindo pedir, de lágrimas nos olhos, ao cabo de oito dias de pesquizas inúteis, que referíssemos no Século o desaparecimento do sobrinho, para que ele, se vivo fosse, acusasse a sua presença em qualquer parte ou para que alguém, sabendo do seu paradeiro, informasse os parentes. A notícia foi publicada e do Jacinto, não obstante, nada mais se soube.

Nessa ocasião, havia uma grande cheia no Tejo, tendo aparecido morto, a boiar um indivíduo que foi sepultado no cemitério do Cartaxo, sem que se tivesse estabelecido a sua identidade. Informada deste facto, a família convenceu-se de que o desgraçado era o Jacinto. Tudo, realmente, concorria para que essa suposição parecesse a realidade.

Os parentes vestiram luto; uma família de Alenquer mandou rezar missas por alma do “defunto” e, depois veio o esquecimento.

Imagine-se a surpresa e alegria da Ana, quando, hoje, viu aparecer-lhe com mais saúde do que nunca, o Jacinto dos Santos! A criatura, ao princípio, não acreditava; supunha estar sonhando. Por fim, teve de render-se à evidência; era o sobrinho em carne e osso.
A serviçal saiu logo com o “morto” a fim de mostrá-lo a toda a família, que teve uma satisfação enorme.

O pedreiro ausentara-se para Montemor-o-Novo, onde tem trabalhado e está para casar e para onde partiu hoje mesmo.

O Século

Recolha: Soraia Fernandes
Colocado por: André Pereira

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